quarta-feira, 19 de setembro de 2012

RESUMO - SOCIOLOGIA DE DURKHEIM

RESUMO - SOCIOLOGIA DE DURKHEIM

A Sociologia de Durkheim
 Tentativa de emancipar a sociologia das demais teorias da sociedade ( bases científicas);

 Procura definir o objeto de estudo, o método e as aplicações das ciências sociais;
 Busca no positivismo o espírito científico ( inspiração );
 N o seu livro : As regras do método sociológico define o objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim, são os fatos sociais.

FATOS SOCIAIS
 Para Durkheim o fato social é experiementado pelo indivíduo como realidade independente e preexistente.
Características básicas que distinguem os fatos sociais:
1º) a “ Coerção Social “ ;
2º) fatores “ exteriores ao indivíduo”;
3º) a “generalidade”
1º) COERÇÃO SOCIAL :
 FORÇA QUE OS FATOS EXERCEM SOBRE OS INDÍVÍDUOS;
è os indivíduos se conformam com as regras da sociedade
( essa força se dá através da língua, das leis, das regras morais )

 A FORÇA COERCITIVA SE TORNA EVIDENTE PELAS “SANÇÕES LEGAIS” OU “ESPONTÂNEAS”
Sanções Legais: prescritas pela sociedade através de leis
( penalidade e infração definidas)
Ex.: multas de trânsito, roubo... Sanções Espontâneas :
Resposta a uma conduta inadequada.
“ olhar de reprovação das pessoas”, pois está ferindo os “bons costumes”...

O comportamento desviante num grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o grupo pode espontaneamente reagir castigando quem não se comporta de forma discordante em relação a determinados valores e princípios. A reação negativa da sociedade a certa atitude ou comportamento é, muitas vezes, mais intimidadora do que lei.
Educação:
Para Durkheim tem um papel importante na conformação do indivíduo à sociedade em que vivem, seja e educação formal ou informal. A educação tem o papel de ajudar a internalizar as regras sociais.
Ex.: uso de determinada língua, gosto culinário, determinados padrões de arte...
2º) Fatores “ exteriores ao indivíduo”:
Esses fatores atuam sobre o indivíduo independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente.
Exemplo:
Ao nascermos já encontramos as regras sociais , costumes e leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismo de coerção social, como a educação.
Obs.: Você não tem escolha. (hehehehe)
Os fatos sociais são ao mesmo tempo “coercitivos” e dotados de existência exterior às consciências individuais.
3º) a “generalidade”
É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre em distintas sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo. Por generalidade, os acontecimentos manifestam sua natureza coletiva, sejam eles os costumes, os sentimentos comuns ao grupo, as crenças ou os valores. Formas de habitação, sistemas de comunicação e a moral existente numa sociedade apresentam essa generalidade.
Objetividade do fato social:
• O pesquisador deve manter distanciamento e neutralidade em relação aos fatos, sendo o mais objetivo possível;
• o pesquisador deve, segundo Durkheim, deixar de lado pré-conceitos, valores e sentimentos pessoais; ( busca de uma verdade, conhecimento verdadeiro )
• Conselho de Durkheim para os cientistas sociais : encarar os fatos sociais como “coisas” (objeto);
• Durkheim orienta o sociólogo a ater-se àqueles acontecimentos mais gerais e repetitivos e que apresentam características exteriores comuns. Ex.: os crimes;
Suicídio para Durkheim:
 Para Durkheim o suicídio é um fato social por sua presença universal;
 fatores exteriores completamente independente aos suicidas.
 Durkheim verificou que o suicídio depende de leis sociais e não da vontade dos sujeitos. Ao estudar as taxas de suicídio percebeu a variação de acordo com o contexto histórico.
Sociedade : um organismo em adaptação:
 Para Durkheim , a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social.
 Encara a sociedade como um organismo que pode estar em estado “normal” ou ´”patológico”;
 Para Durkheim um fato social é “normal” è “generalidade” garante a “normalidade” representado através de um consenso social è vontade coletiva;
 Quando um fato põe em risco a “harmonia”, o “acordo”, o “consenso” e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento mórbido e de uma sociedade doente. Portanto, “normal” é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais da sociedade...
 “ Patológico” é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos , como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.
A Consciência coletiva:
 Para Durkheim os fatos sociais independem daquilo que indivíduo pensa e faz em particular;
 “consciência individual” X “consciência coletiva”
Consciência Coletiva:
“ conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à medida dos membros de uma mesma sociedade” que “ forma um sistema determinado com a vida própria”
Obs.: A consciência coletiva não se baseia na consciência de indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas está espalhada por toda sociedade. A consciência coletiva define o que “imoral” ou “ criminoso”.
Morfologia social: as espécies sociais:
 Para Durkheim toda sociedade havia evoluído de uma forma social mais simples para uma mais complexa. Baseando –se nessa idéia diz que o “motor” da evolução das sociedades era a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica.
Solidariedade Mecânica: Solidariedade orgânica:
Predominava em sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão social do trabalho. A consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos. É típico da sociedade capitalista, em que, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam inter-independentes. Essa inter-independência garante a união social, em lugar dos costumes e das tradições ou das relações sociais estreitas, como ocorre nas sociedades contemporâneas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa, ao mesmo tempo em que os indivíduos tornam-se mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A origem do Dia dos Pais

A origem do Dia dos Pais

Ao que tudo indica, o Dia dos Pais tem uma origem bem semelhante ao Dia das Mães, e em ambas as datas a idéia inicial foi praticamente a mesma: criar datas para fortalecer os laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida.

Conta a história que em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, filha do veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a idéia de celebrar o Dia dos Pais. Ela queria homenagear seu próprio pai, que viu sua esposa falecer em 1898 ao dar a luz ao sexto filho, e que teve de criar o recém-nascido e seus outros cinco filhos sozinho. Algumas fontes de pesquisa dizem que o nome do pai de Sonora era William Jackson Smart, ao invés de John Bruce Dodd.

Já adulta, Sonora sentia-se orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém. Então, em 1910, Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washigton, Estados Unidos. E também pediu auxílio para uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho daquele ano, aniversário do pai de Sonora. A rosa foi escolhida como símbolo do evento, sendo que as vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos.

A partir daí a comemoração difundiu-se da cidade de Spokane para todo o estado de Washington. Por fim, em 1924 o presidente Calvin Coolidge, apoiou a idéia de um Dia dos Pais nacional e, finalmente, em 1966, o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro domingo de junho como o Dia dos Pais (alguns dizem que foi oficializada pelo presidente Richard Nixon em 1972).

No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.

Sua data foi alterada para o 2º domingo de agosto por motivos comerciais, ficando diferente da americana e européia.

Em outros países

Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.

Na Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.

Reino Unido - No Reino Unido, o Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.

Argentina - A data na Argentina é festejada no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.

Grécia - Na Grécia, essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.

Portugal - A data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.

Canadá - O Dia dos Pais canadense é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.

Alemanha - Na Alemanha não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa) . Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.

Paraguai - A data é comemorada no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.

Peru - O Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.

Austrália- A data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.

África do Sul - A comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.

Rússia - Na Rússia não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de "o dia do defensor da pátria" (Den Zaschitnika Otetchestva).

Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples "Obrigado Papai" !



Texto compilado das seguintes fontes

- O Guia dos Curiosos - Marcelo Duarte. Cia da Letras, S.P., 1995.
Sites:
http://www.pratofeito.com.br/pages.php?recid=2315
http://www.virtual.epm.br/uati/corpo/dia_pais.htm
http://educaterra.terra.com.br/almanaque/datas/pai.htm





andreia caetano piumhi

DIA DOS PAIS

DIA DOS PAIS















andreia caetano piumhi



segunda-feira, 23 de julho de 2012

A BAGACEIRA

A Bagaceira - José Américo de Almeida

Autor: José Américo de Almeida

Resumo:

O romance se passa entre 1898 e 1915, os dois períodos de seca. Tangidos pelo sol implacável, Valentim Pereira, sua filha Soledade e o afilhado Pirunga abandonam a fazenda do Bondó, na zona do sertão. Encaminham-se para as regiões dos engenhos, no rejo, onde encontram acolhida no engenho Marzagão, de propriedade de Dagoberto Marçau, cuja mulher falecera por ocasião do nascimento do único filho, Lúcio. Passando as férias no engenho, Lúcio conhece Soledade, e por ela se apaixona.

O estudante retorna à academia e quando de novo volta, em férias, à companhia do pai, toma conhecimento de que Valentim Pereira se encontra preso por ter assassinado o feitor Manuel Broca, suposto sedutor e amante de Soledade. Lúcio, já advogado, resolve defender Velentim e informa o pai do seu propósito : casar-se com Soledade. Dagoberto não aceita a decisão do filho. Tudo é esclarecido : Soledade é prima de Lúcio, e Dagoberto foi quem realmente a seduziu. Pirunga, tomando conhecimento dos fatos, comunica ao padrinho (Valentim) e este lhe pede, sob juramento, velar pelo senhor do engenho (Dagoberto), até que ele possa executar o seu "dever": matar o verdadeiro sedutor de sua filha. Em seguida, Soledade e Dagoberto, acompanhados por Pirunga, deixam o engenho e se dirigem para a fazenda do Bondó. Cavalgando pelos tabuleiros da fazenda, Pirunga provoca a morte do senhor do engenho Marzagão, herdado por Lúcio, com a morte do pai. Em 1915, por outro período de seca, Soledade, já com a beleza destruída pelo tempo, vai ao encontro de Lúcio, para lhe entregar o filho, fruto do seu amor com Dagoberto.

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água-

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água- Jorge Amado

Autor: Jorge Amado

Resumo do livro:

Autor dos mais respeitados na literatura brasileira, desde os anos trinta, Jorge Amado tem pontificado e feito sucesso de crítica e de público. Sua obra explora os mais diferentes aspectos da vida baiana: a posse violenta da terra, com as conseqüências sociais terríveis, como ocorreu na colonização da zona cacaueira do Sul da Bahia, está magistralmente imortalizada em Cacau, São Jorge de Ilhéus, Gabriela, Cravo e Canela e Terras do Sem Fim. Os tipos folclóricos das ladeiras de Salvador estão presentes em Tenda dos Milagres, Capitães da Areia, Mar Morto. A literatura engajada, comprometida com a ideologia política do Autor faz-se presente em Os Subterrâneos da Liberdade, O Cavaleiro da Esperança. Os perfis de mulheres extraordinárias que comovem e seduzem estão em Tieta do Agreste, Dona Flor e seus Dois Maridos, Gabriela e muitos outros... Primeiro é preciso que se tenha em mente o "descompromisso" do Autor com o registro formal culto, para se entender melhor o comentário que se faz constantemente sobre seu "estilo". Jorge Amado já se auto proclamou "um baiano romântico e sensual". É o que a crítica costuma rotular de contador de estórias. Não segue, intencionalmente, o rigor da técnica de construção literária e nem dá a mínima para as normas gramaticais e ortográficas. Incorpora, com a maior naturalidade, à língua escrita, termos e expressões típicas da língua oral e de sua Bahia idolatrada. Não espere o leitor, portanto, defrontar-se com um texto primoroso, regular, pasteurizado. Entretanto, quem se aventurar nos meandros de suas páginas, esteja preparado para o deguste de um texto saboroso e suculento que transpira a trópico, a calor, a vida. Suas histórias são tramadas sobre o povo simples e rude, numa língua que esse povo fala e entende. O texto que serve de suporte a este estudo centra-se na fixação dos tipos marginalizados para, por intermédio deles, analisar e criticar toda a sociedade. A ação dá-se, basicamente, em Salvador e gira em torno da boêmia desqualificada das cercanias do cais do porto. A Morte e a Morte de Quincas Berro d'água é uma das melhores narrativas publicadas por Jorge Amado. Veio a lume em 1958 e conquistou desde logo a admiração de quantos dela se aproximaram. Nitidamente imbricada no Realismo Mágico, mistura sonho e realidade; loucura e racionalidade; amor e desamor; ternura e rancor, de forma envolvente e instigante: Joaquim Soares da Cunha foi funcionário público, pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou do serviço público. A partir daí, jogou tudo para o alto: família, respeitabilidade, conhecidos, amigos, tradição. Caiu na malandragem, no alcoolismo, na jogatina. Trocou a vida familiar pela convivência com as prostitutas, os bêbados, os marinheiros, os jogadores e pequenos meliantes e contraventores da ralé de Salvador. Sua sede era saciada com cachaça e seu descanso era no ombro acolhedor da prostituta. Fez-se respeitado e admirado entre seus novos companheiros de infortúnio: era o paizinho, sábio e conselheiro, sempre disposto a mais uma farra ou bebedeira. Sua opção pela bandalha representa o grito terrível do homem dominado e cerceado por preconceitos de toda sorte e que um dia rompe as amarras e grita por liberdade. Morreu solitariamente sobre uma enxerga imunda e sua morte detonou todo o processo de reconhecimento/desconhecimento por parte da família real e da família adotada. Os amigos durante o velório se embriagam e resolvem, bêbados, levar o defunto para um último "giro" pelo baixo-mundo que habitavam. O passeio passa pelos bordéis e botecos, terminando em um saveiro, onde há comida e mulheres. Vem uma tempestade e o corpo de Quincas cai ao mar. Ao renunciar à família, mudar de ambiente e de costumes, Quincas morreu pela primeira vez; na solidão de seu quartinho imundo, envolvido por farrapos e curtindo a última bebedeira, morreu pela segunda vez; ao cair ao mar, não deixando qualquer testemunho físico de sua passagem pela vida, morreu pela terceira vez. A narrativa poderia chamar-se A morte e a morte e a morte de Quincas Berro d'água, acrescentando-se uma morte ao protagonista, que ficaria bem de acordo com a progressão da trama.

A Conquista da Lua

A Conquista da Lua

A conquista da Lua designa o principal objetivo da corrida espacial entre os Estados Unidos e a URSS, ocorrida na década de 1960, e é considerada pela maioria do público como um dos episódios mais emocionantes da história da exploração espacial.

A Lua sempre atraiu a atenção do homem, e este interesse ficou registrado na poesia, na literatura e na ficção científica. Há duzentos anos, em uma famosa obra de ficção intitulada "De la Terre à la Lune" (1865), Júlio Verne escreve sobre um grupo de homens que viajou até a Lua usando um gigantesco canhão. Na França, Georges Melies foi um dos pioneiros do cinema, e em seu filme "Le voyage dans la Lune" (1902) acabou criando um dos primeiros filmes de ficção científica em que descrevia uma incrível viagem à Lua.

Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS capturaram a maioria dos engenheiros que trabalharam no desenvolvimento do foguete V-2. Verdade é que eles foram relevantes apenas no programa espacial dos EUA, já que os capturados pela URSS não passavam de engenheiros e técnicos de produção. Particularmente importante para os EUA foi a aquisição de Wernher von Braun, um dos principais projetistas alemães, que participou ativamente do programa de mísseis balísticos dos EUA e depois dos primeiros passos do programa espacial estadunidense (tendo sido, inclusive, o líder da equipe que projetou o lançador Saturno V que levou as naves Apollo para a Lua).

Historicamente, a exploração espacial começou com o lançamento do satélite artificial Sputnik pela URSS a 4 de outubro de 1957, no Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da URSS), em Tyuratam, no Cazaquistão. Este acontecimento provocou uma corrida espacial pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA que culminou com a chegada do homem à Lua.

Curiosidades

O primeiro ser vivo no espaço não foi um homem, mas a cadela Russa Kudriavka, da raça laika. Ela subiu ao espaço em 3 de novembro de 1957 a bordo da nave espacial Sputnik II.

Yuri Gagarin (1934-1968) foi o primeiro homem no espaço, em um vôo orbital de 48 minutos, a bordo da nave Vostok I. O vôo de Gagarin ocorreu em 12 de Abril de 1961. Neste vôo ele disse a famosa frase: "A Terra é azul, e eu não vi Deus".

O lançamento da Sputnik e a colocação do primeiro homem no espaço devem-se, em grande parte, ao talento do engenheiro soviético Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que conseguiu convencer Nikita Khrushchov, na época o líder da URSS, a investir no programa espacial. Foi ele quem primeiro teve a idéia de levar (realmente) homens à Lua.

Quatro meses após o lançamento da Sputnik I, os EUA responderam com seu primeiro satélite, o Explorer I, em 31 de janeiro de 1958.

O número de satélites artificiais terrestres e sondas espaciais lançados pelos EUA e pela URSS multiplicaram-se nos primeiros anos da corrida espacial. Aos Sputniks da URSS seguiram-se, além do Explorer I, as Vanguard I, II e III dos EUA, e uma grande quantidade de satélites de comunicação, meteorológicos e espiões. Por volta da metade da década de 1960 ambos, EUA e URSS, haviam lançado tantos satélites que se tornaria inconveniente indicá-los a todos num artigo generalista como este. Além das Sputniks, os soviéticos haviam lançado 12 satélites da série Cosmos, e os EUA haviam lançado 16 satélites Explorers e mais 38 satélites de reconhecimento Discoverer, só para citar alguns.

Os feitos iniciais da URSS na corrida espacial, que incluem o primeiro satélite artificial - o Sputnik - e o primeiro homem no espaço - Yuri Gagarin, desafiaram os EUA, cujo programa espacial ainda dava os primeiros passos - o primeiro estadunidense iria ao espaço só em 5 de maio de 1961, mesmo assim apenas em um vôo sub-orbital.

Em julho de 1958 é criada a agência espacial dos EUA, Nasa, responsável por coordenar todo o esforço estadunidense de exploração espacial e administrar o programa espacial dos EUA.

Muito do atraso inicial do programa espacial dos EUA pode ser atribuído a um erro estratégico de investir inicialmente nos lançadores Vanguard, mais complexos e menos confiáveis que os lançadores Redstone (baseados nas antigas V-2 alemãs). Isto acarretou que a capacidade de lançamento estadunidense era de 5 kg no momento em que a Sputnik I, de 84 kg mas com capacidade de 500 kg, foi recém lançada pela URSS.

Num famoso discurso de 1961, John F. Kennedy lançou o desafio de "enviar homens à Lua e retorná-los a salvo" antes que a década terminasse.



ANDREIA CAETANO PIUMHI/MG
Autoria: Thales Ribeiro

Rômulo e Remo

..certo dia Amulio expulsou seu irmão afim de reinar so e matou lhe todos os filhos com exceção de uma menina Réia Sílvia. Porém, para evitar que esta desse ao mundo algum filho, ao qual pudesse vir a idéia, mais tarde, de vingar o próprio avô, ele obrigou-a a tornar-se sacerdotisa da deusa Vesta., isto é, religiosa.
Certa vez, Réia, que fizera Votos de não se casar mas que mal se resignava com a idéia de não fazê-lo, aproveitava da fresca à beira do rio, porque o verão estava terrivelmente cálido. Adormeceu. Eis que, por acaso, passava por essas paragens o deus Marte, que descia à terra com freqüência, seja para efetuar qualquer guerrilha, como era de seu mister habitual, seja para conquistar donzelas - sua paixão favorita. Viu Réia Sílvia e por ela se encantou. Sem despertá-la, engravidou-a.

Quando Amúlio soube disso, ficou muito encolerizado, mas não a matou. Esperou que desse à luz não somente um, mas dois meninos gêmeos. Depois, fez colocarem os dois bebês num cesto microscópico, que deixou à mercê do rio para que, seguindo a correnteza, fosse o cesto até o mar e os afogasse. Contudo, não pensou no vento, que soprava mito forte naquele dia e fez com que a frágil embarcação encalhasse a pequena distância dali, em pleno campo. Os dois abandonados, que choravam ruidosamente, atraíram a atenção de uma loba, que acorreu para amamentá-los. Esse é o motivo de ter-se tornado essa fera o símbolo de Roma, fundada mais tarde pelos dois gêmeos.

Dizem os maldosos que essa loba não era de modo algum uma loba, mas uma mulher “de verdade “, Aca Larência (Acca Larentia), que apelidavam a “Loba “, por causa do caráter selvagem e das numerosas infidelidades com que cumulava o marido, um pobre pastor pois se entregava ao amor nos bosques, com todos os rapazes da vizinhança. Porém, talvez tudo isso não passe de mexericos de comadres.

Os dois gêmeos receberam os nomes de Remo e de Rômulo, cresceram e acabaram por vir a conhecer sua história. Então retornaram a Alba Longa, organizaram uma revolução, mataram Amúlio e repuseram no trono a Numitor A segui impacientes como soem ser os jovens para realizar algo de novo, em vez de esperar para herdar de seu avô um reino já pronto, o qual, por certo, lhes seria deixado, partiram para um pouco mais longe, afim de construir para si mesmos um novo.

Bibliografia: M., Indro, História de Roma. São Paulo, Ibrasa, 1966. p. 14-15.

ANDREIA CAETANO

PIUMHI/MG



domingo, 15 de julho de 2012

Minotauro

Minotauro

O minotauro era o “bichinho” de estimação do rei Minos. Ele era muito feio e feroz. Um monstro com cabeça de touro e corpo de gigante. Por ordem do rei, o Minotauro vivia escondido dos habitantes de Creta em um labirinto. Só mesmo um grande herói, como Teseu, seria capaz de enfrentar o monstro.

No labirinto de Creta vivia o Minotauro, que vivia escondido dos homens por ordem do rei Minos. Uma vez a cada nove anos, chegava a Creta um navio de Atenas, com sete rapazes e sete moças, que eram devorados pelo Minotauro.

Os atenienses eram obrigados a mandar seus filhos pra o sacrifício, por causa de uma guerra antiga entre Atenas Creta.

Na terceira vez que isto estava para acontecer, Teseu, o grande herói de Atenas, declarou que dessa feita ele queria ser um dos sete rapazes. Teseu estava certo de que ia matar o Minotauro.

Chegando a Creta, Teseu e seus companheiros apresentaram-se ao rei Minos. A filha do rei, Ariadne, se apaixonou por Teseu à primeira vista. Ela lhe deu uma espada e um fio de linha.

A espada é óbvio! Era para matar o Minotauro. E o fio de linha? “Amarre uma ponta do fio na cintura e a outra na entrada do labirinto”, explicou Ariadne a Teseu. “Para sair do labirinto, basta caminhar de volta seguindo o fio”.

Teseu deu de cara com o Minotauro numa das voltas do labirinto. Sentiu muito medo, porque o Minotauro tinha o dobro do tamanho dele e era o bicho mais feio da Terra.

Mas nestas horas um herói não pensa nada: ataca seja o bicho feio que for. Com a espada de Ariadne, Teseu matou o Minotauro.

De um labirinto daqueles, era quase impossível sair, mas não para quem tem um fio de linha.

Teseu e Ariadne partiram juntos no navio de volta a Atenas e teriam sido felizes para sempre não fosse o deus Dioniso, que apareceu no meio do caminho e ameaçou Teseu com mil horrores se não lhe entregasse Ariadne.

Teseu tinha força e coragem bastante para enfrentar um Minotauro, mas um deus também já era demais!

ANDREIA CAETANO

Júpiter (Zeus)

Júpiter (Zeus)


Júpiter o filho de Cronos e Réia

Longas insônias viveu Cronos, de olhos pregados no escuro do mundo, à procura de resposta: como evitar que se cumprisse a terrível profecia da mãe Gaia? Como impedir que um dos seus próprios filhos lhe usurpasse o trono?

Depois de muitos planos e tramas, confusão e medo, a resposta fulgurou dentro da noite. Cronos, de um salto, ergueu-se e correu para junto de Réia, sua mulher. Mas não lhe dirigiu palavra alguma. Em silêncio, agarrou seu primeiro filho, que acabara de nascer, e devorou-o. Era o início da sangrenta rotina.

Outras crianças a pobre Réia de à luz, porém a nenhuma teve o prazer de acalentar. Estava cansada. Vivia infeliz. Precisava encontrar uma solução definitiva, para salvar o filho que agora abrigava no ventre. Procurou, pois, a sábia Gaia, e, ajudada por ela, traçou um plano.

Ao chegar o momento do parto, Réia, iludindo a inexorável vigilância do marido, ocultou-se numa distante caverna, nos densos bosques de Creta. Ali, Zeus veio ao mundo.

Enquanto Gaia, a Mãe- Terra, acolhia o menino em seus braços, a deusa retornou ao lar. Vibrava de alegria, mas também de medo: podia falhar a trama tão carregada de esperanças.

O amor pelo filho, entretanto, dominou os receios. Réia apanhou do chão uma pedra, envolveu-a em grossas faixas e entregou-a a Cronos, que, sem perceber o logro, rapidamente a ingeriu. Então a mão de Zeus suspirou aliviada.

Salvara o filho, mas selara a profecia: em dia próximo, o último filho de Cronos tomaria das armas para encerrar o sombrio reinado de sangue. E para sempre se instalar no trono do mundo.

Os dons de Júpiter, pai dos deuses: proteção, disciplina, justiça.


Com relação ao local do nascimento de Zeus (Júpiter) existem duas tradições distintas: a mais corrente refere-se à ilha de Creta: citando especificamente ora o monte Ida, ora o Aégeon, ora o Dicteu. A outra, sustentada pelo poeta Calímaco (IV século a.C.), situa o berço do deus na Arcádia. Ambas, porém, concordam em que a educação de Zeus se realizou em Creta, aos cuidados das Ninfas e dos Curetes, jovens sacerdotes de Réia (Cibele).

Ao crescer, Zeus aliou-se aos irmãos e aos monstros, destronou Cronos (Saturno), venceu os Titãs e os Gigantes. Com a tríplice vitória, firmou-se como senhor absoluto do mundo e encerrou o ciclo das divindades tenebrosas, das forças desordenadas, que, como Cronos – o Tempo – tudo corrompem e destroem. Para os filósofos, seu triunfo simboliza a própria vitória da Ordem e da Razão sobre os instintos e as emoções desenfreadas.

Nas lendas mais antigas, Zeus é descrito como o mais jovem dos crônidas – filhos de Cronos – ao qual, na partilha do mundo, coube o domínio do céu e da terra e a responsabilidade sobre o fenômeno atmosférico. Com a evolução do mito, passa a ser mencionado como primogênito de Cronos; seu poder torna-se absoluto, suas funções ampliam-se.

É ele que “abre aos homens o caminho da razão” e ensina-lhe que o verdadeiro conhecimento só é obtido a partir da dor. Mas não assiste impassível aos sofrimentos humanos; ao contrário, compadece-se e até se magoa por eles. Apenas não se deixa levar pelas emoções, pois é a imagem da justiça e da razão. Sabe que não pode intervir nas descobertas pessoais: cada qual tem de viver sozinho sua própria experiência. Limita-se a premiar os esforços honestos e punir as impiedades.

Por todos esses atributos, Homero (século IX a.C.) chama-o de “pai dos deuses e dos homens”. O termo pai, entretanto, refere-se não a uma relação puramente afetiva, sentimentalmente, e sim a uma relação de poder, de autoridade. Corresponde, na origem, ao pai da família, que provê ao sustento, assegura a proteção e exerce incontestável autoridade sobre seus dependentes.

Com a expansão social e econômico dos gregos, as famílias, que viviam isoladas, agruparam-se em aldeias (demos), depois em cidade, por fim em Estados. A autoridade de cada núcleo familiar continuava exercida pelo pai, mas a este se impunha a soberania do rei, estabelece a disciplina entre os súditos, protege-os, assegura-lhes a ordem, distribui a justiça, comanda e é obedecido.

Ambos os sentido de “pai” conjugam-se em Zeus. Como rei, ele comanda o Olimpo e os homens, e constitui um modelo para os chefes helenos – como afirma Aristóteles (384?-322 a.C.): “A união de um pai com seu filho tem a aparência da realeza. Por isso Homero chama Zeus de pai. É que a realeza quer ser um poder paternal”. E como chefe de família, o deus cada vez mais aumento sua prole, dilatando assim seu pátrio poder. Mais importante que ser fiel a Hera (Juno), sua esposa e irmã, é exercer a paternidade, seja com deusas, seja com mulheres mortais. Todas as regiões e as cidades mais importantes da Grécia vangloriavam-se de Ter como patrono ou fundador um filho de Zeus. Suas uniões são interpretadas de várias formas. A lenda de Dânae, que ele seduziu sob a forma de uma chuva de ouro, foi considerada, por alguns estudiosos, como o símbolo da fecundação da terra pelos raios solares; Eurípedes (480?-406 a.C.), todavia, encara o episódio como uma imagem da soberania da riqueza, que a tudo vence. O rapto de Europa, por outro lado, recebeu uma interpretação histórica uniforme: a donzela fenícia levada para Creta constituiu uma transposição mítica do fenômeno real das migrações que, partido da Ásia, se estabeleceram na ilha de Creta.

Além de pai e chefe, Zeus assumiu também outras funções e diversos epítetos: Zeus Ktésios propiciavam os devotos maiores riquezas; Zeus Herkeios protegia as casas e as cidades; Zeus Xênios velava pelos estrangeiros, pelos desterrados, pelos mendigos, pelos aflitos. Era este Zeus que desaprovava os implacáveis, os desapiedados, os poucos hospitaleiros. Nessa atribuição, Homero louva-o em A Odisséia: “De Zeus poderoso vêm os mendigos e os estrangeiros: embora pequenas, são gratas as dádivas. Ora, criadas, ao hóspede daí o alimento e bebida, e ide banhá-lo no rio, em lugar protegido dos ventos.”

Da Grécia a Roma, o culto do Deus

A imagem mais aceita de Zeus foi esculpida por Fídias (500?-432? a.C.), numa estátua de 13 metros de altura, encomendada para adornar-se o santuário em Olímpia. O deus aparece sentado em um trono de ébano, bronze, marfim e ouro. Tem a fronte adornada por cabelos espessos e ondulados, e cingida pela coroa de ramos de oliveira. O rosto, sereno e majestoso, é emoldurado pela densa barba crespa. Na mão direita, segura a vitória; na esquerda, um certo ensinamento pela águia. Veste um manto de ouro bordado de flores.

O Zeus de Fídias constituiu o tipo ideal no qual se inspiram artistas posteriores, que o retratam geralmente como homem maduro, robusto, majestoso e grave. Quase sempre envolto num grande manto, que deixa descobertos o braço direito e o peito; apenas nas representações primitivas figurava nu.

O deus por excelência, o altíssimo, era cultuado geralmente nos píncaros das montanhas. Ida em Creta, Parnes e Himeto na Ática, Helicão na Beócia, Pélion na Tessália, Pangeu na Trácia, Olimpo na Macedônia, Liceu na Arcádia eram montes que ostentavam templos erguidos em honra a Zeus. O mais antigo santuário, contudo, situava-se em Dorona, no Epiro, onde existia um célebre oráculo do deus.

Levados por viajantes, mercadores e colonos ou pela simples difusão de povoado a povoado, os deuses olímpicos atingiram Roma antes que esta iniciasse a conquista do mundo mediterrâneo. De modo geral ali se identificaram com divindades locais que correspondiam às suas atribuições primitivas. Assim, também Zeus – figura de deus-pai existente em todas as mitologias indo-européias – identificou-se em Roma com Júpiter, velha divindade do Lácio à qual se consagram os carvalhos do nome Capitólio. Este Júpiter Capitólio deve Ter-se originado de Júpiter Latial, divindade mais antiga, de origem obscura, cujo santuário se encontra nos montes Albanos.

Durante a República Romana, Júpiter era a divindade protetora dos cônsules, que a ele dirigiam preces quando assumiam o poder. Seu culto estava a cargo dos sacerdotes feciais, cuja autoridade suprema era o flamine dialis. O casamento deste com flamínica (sacerdotisa de Juno) simbolizava a união divina de Júpiter e Juno, e não podia ser dissolvido.

Com o advento do Império Romano, Júpiter transfigura-se e passa a encarnar cada vez mais o retrato do imperador. Perde então muito de sua divindade, para transformar-se, na obra de alguns poetas e ceramistas populares, em volúvel perseguidor de ninfas e mortais.

Júpiter luta dez anos pelo poder

Métis, a Prudência, preparou-lhe uma beberagem miraculosa: tão logo ela chegasse às entranhas de Saturno, provocaria ali tal convulsão que o pai voraz se veria obrigado a devolver os filhos engolidos. Pois dentro dele todos estavam vivos, crescidos e adultos.

Levando nas mãos o preciso frasco que a deusa lhe entregara, Júpiter acercou-se do pai e obrigou-o a ingerir a mágica bebida. E tudo aconteceu como dissera Métis. Estremecido por violentos e incontroláveis abalos, Saturno restituiu à luz todas as criaturas que em outros tempos havia devorado. Assim Júpiter conheceu seus irmãos: a loira Ceres, o impetuoso Netuno, a casta Vesta, o taciturno Plutão. Apenas Juno ali não estava, pois, como ele próprio também fora poupada.

A luta começava a configurar-se. Para garantir a vitória, Júpiter desceu aos Infernos e libertou os Ciclopes, forjadores de armas, e os Hecatônquiros de cem braços, monstros que, em sua loucura de poder, Saturno encerrara nas mais escuras profundezas da terra. Depois voltou para a companhia dos irmãos, a fim de tramar planos de batalha, enquanto os Ciclopes se apressavam em fabricar poderosas armas para cada um dos três deuses: o capacete mágico para Plutão, o tridente para Netuno, e o raio para Júpiter.

Longa e árdua foi a guerra. Dez anos decorreram entre os primeiros combates e o glorioso triunfo. Saturno e os Titãs, seus aliados, vencidos pelos deuses irmãos, foram confinados aos Infernos, sob a vigilância dos monstros. Em conferência, os vencedores reuniram-se e dividiram entre si o domínio do mundo. Netuno ganhou a soberania dos mares. Plutão assumiu o reino dos mortos. E Júpiter subiu ao Olimpo para de lá comandar, altíssimo e absoluto, a terra e o céu, os homens e todos os demais deuses.

Mas a Terra estava descontente com o desfecho da luta. Não desejava ela ver prisioneiros seus filhos, os Titãs. Em vão pediu a Júpiter que os libertasse. Recusados todos os seus argumentos, nada lhe restava senão recorrer aos Gigantes. Incitou-os, então, contra o senhor do mundo. Só contribuiu, entretanto, para propiciar ao altíssimo nova vitória.

As desastrosas experiências dos vencidos deveriam ser suficientes para deter as pretensões de novos desafiantes. Mas nem o monstro Tifão – com seus absurdos sonhos de poder – nem os irmãos Aloídas – ardentemente enamorados das deusas Juno e Diana – se deixaram atemorizar pelas lições das derrotas. Cada qual, por seu turno, investiu contra o Olimpo. E cada um, por sua vez, foi arrasado pelo deus.
Reinava a paz no céu e na terra. Júpiter, com suas vitórias sobre as forças da desordem, firmara-se para toda a eternidade como rei supremo, diante do qual todas as vozes humanas e divinas se calavam, com respeito e obediência.

Antíopa - amor e sofrimento

Tarde de verão, em Tebas. O sol cresta as peles banhadas de suor. O trabalho arrasta-se pelos campos em morna lentidão. As plantas nos quintais recusavam-se para o solo ardente, cansada de tanta luz. Pelos atalhos dos bosques, animais e homens procuram o frescor das frondes e o leito ameno da relva. A poucos passos, uma cascata umedece o ar, e pequenas gotas de água, levadas pela aragem, respingam sobre os corpos como bálsamo.

Para as sombras do bosque também se dirigiu a donzela Antíopa, solitária e inocente. Num canto afastado, recolheu-se em seu cansaço. Estendeu-se entre as flores silvestres, e serenamente adormeceu. Os raios do sol, entre as ramagens, formavam desenhos caprichos em seu corpo magnífico.

Júpiter ronda entre as árvores, disfarçado em sátiro. O coração divino suspira, por novas aventuras. Os ouvidos torturados pelos queixumes de Juno anseiam por vozes mansas.

E o deus surpreende Antíopa, adormecida. Estremece de contentamento, ao contemplar as formas perfeitas, os traços delicados, a pele aveludada como o damasco.

Cuidando de não despertá-la, o sátiro ardente acerca-se da jovem e prende-a de súbito em seus braços.
Era tarde demais quando Antíopa despertou, assustada e triste. Só lhe restava ir chorar em terras longínquas a violência sofrida. Pois, ao saber do incidente, Nicteu, seu pai, não lhe pouparia pesado castigo.

Deixando para trás os muros de Tebas, onde vivera feliz desde a infância, a jovem embrenhou-se por escuros atalhos através dos bosques. Preferia morrer nas garras das feras a ser vista por algum pastor ou camponês que certamente levaria a Nicteu a direção de sua fuga.

Depois de muito caminhar entre os perigos, Antíopa foi Ter ao reino de Sícion. Epopeu, o soberano, deslumbrou-se com sua beleza. Hospedou-a em seu palácio e suplicou-lhe que se tornasse sua rainha amada. Afinal brilhavam na vida de Antíopa uma promessa de felicidade. E, em meio a majestosa festa, ela esposou o rei de Sícion.

O tempo de alegria seria breve. Desesperado com a partida da filha, Nicteu, antes de suicidar-se, arrancara de seu irmão Lico o juramento de trazê-la de volta e castigá-la.

À frente de pequena tropa, Lico saiu a investigar sobre o destino da sobrinha, e acabou transpondo as muralhas de Sícion. O ataque transpondo concedeu-lhe fácil vitória, e Antíopa, subitamente viúva, retornou prisioneira para Tebas.

No áspero caminho de volta, a jovem detém a comitiva. Atormentada por fortes dores recosta-se na terra dura e, suplicando a ajuda divina, ali mesmo dá à luz os filhos de Júpiter: Anfião e Zeto. Mas não pode levá-lo consigo. O tio implacável obriga-a a abandonar as crianças, que mais tarde pastores recolheriam.
Passaram-se anos de cativeiro e sofrimento. Presa a fortes correntes, Antíopa vivia apenas de recordações felizes e absurdas esperanças.

Um dos pastores, entretanto, soube da triste vida de Antíopa, e tudo contou aos jovens. Anfião e Zeto rumaram então para Tebas, dispostos a vingar os sofrimentos da mãe.

O primeiro a sucumbir sob as espadas foi o tirano Lico. Depois Dirce, sua mulher, foi atacada à cauda de um touro furioso que os moços soltaram por um caminho de pedras.

Irritado com o suplício infligido a Dirce, sua fiel devota, o deus Baco resolveu intervir. E para punir os jovens castigou-lhes a mãe. Enlouqueceu Antíopa, que saiu a errar pelas terras gregas, sem destino e sem lembranças.

Até que um dia a piedade dos deuses colocou em seu caminho o bondoso Foco, que a curou de sua loucura e a esposou, proporcionando-lhe, afinal, a sonhada felicidade.

Astéria: da ninfa nasce uma ilha

Pela famosa ninfa Astéria suspiravam pastores e camponeses do vale. À porta de sua morada, anonimamente deixavam como oferendas singelos ramos de flores e fartas cestas de frutos. Até os ariscos animais do bosque vinham comer à sua mão, tão grande era o seu encanto.

Beleza alguma sobre a terra podia ocultar-se aos ávidos olhos de Zeus. Por entre as árvores e sob as águas, pelos atalhos e nos templos, andava o deus incansável em busca de formosura. E nessa procura acabou encontrando um dia a doce Astéria.

Como se fosse mortal comum, expressou-lhe seu deslumbramento, e pediu-lhe que retribuísse a seus ardentes desejos. Mas a bela ninfa, sem resposta alguma, pôs-se a fugir pelo vale e pelos bosques.
As folhas das árvores agitaram-se aflitas. Os bichos correram sobre o rastros de Astéria, como para confundir seu perseguidor. Camponeses e pastores suspenderam os trabalhos, para seguir com olhos inquietos e solidários a fuga daquela que os deslumbrava.

Não queria aventuras a casta ninfa. Preferia o silêncio dos oferendas anônimas, o mudo carinho dos animais. Entretanto, as ágeis pernas de Astéria não venciam mais rápido as distâncias que os fortes passos do deus. Era iminente o encontro.

À beira da praia, sem encontrar caminho aberto, a ninfa parou. Ofegante, mas sem medo, resolveu usar seu recurso estremo: pelo poder que recebera dos deuses assumiu forma de pássaro. Tornou-se uma pequenina codorniz.

Não tencionava voar. Ao contrário, olhou mais uma vez para o deus que se avizinhava, e lançou-se ao mar.
E sobre as águas azuis foi perdendo olhos e penas e corpo de ave, para transformar-se ao longe em uma mancha escura, ilha estéril, sem flores e sem frutos. Chamou-se então Ortígia – a ilha dos codornas, seus únicos habitantes. Mais tarde, no entanto, receberia em sua terra seca o deus Apolo e sua irmã Ártemis, e trocaria o nome para Delos. Com isso, se cumularia de riquezas e de glórias.

Egina levada por uma labareda

Um novo amor. Fulminante como o próprio raio de Júpiter. Impetuoso como suas tempestades. Pouco importavam os reclamos da ciumenta Juno, esposa irascível. De nada valiam os frágeis obstáculos erguidos por pais e maridos zelosos. A vontade de um deus não conhece bloqueios em seu caminho.

Esse caminho levava a Egina, jovem filha do rio Asopo. Júpiter queria-a para si. Mas, tal como em outras conquistas amorosas, não tencionava obtê-la por meio da força. Preferia cativá-la com o calor de seu afeto.
À s doces palavras do deus, porém, a ninfa retribuiu com exclamações de medo e aflitos pedidos de socorro. Não havia outro jeito senão adotar um artifício de disfarce e arrebatar a teimosa donzela.

Metamorfoses, Júpiter assumira várias: fora touro e camponês, sátiro e cisne, águia e forasteiro. Precisava inventar uma nova forma. Olhos postos nos leves passos de Egina, durante dias infindáveis pensou na transformação. Finalmente decidido, num fragmento de instante, mudou-se em labareda.

E assim, sob a aparência de chama, desceu para as margens do Asopo e raptou a ninfa. Levou-a em seguida para ilha de Enone, que velhos poetas costumavam também chamar de Enópia. Nas areias desertas, acalentado pelo murmúrio do mar, amou-a impetuosamente.

Se a ninfa, presa no ardor da labareda divina, conseguiu esboçar algum protesto, deve tê-la ouvido o pai Asopo, que, tomado de desespero, mudou o curso de suas águas, atravessou o mar azul e foi até à ilha distante recuperar a filha.

Estava a ponto de alcançá-la, quando Júpiter, irritado com a intromissão, fulminou o velho e obrigou-o a voltar para seu leito de cascalho.

Embora vencido, Asopo, solitário, tramava planos de vingança. Não contra o deus, pois para tanto lhe faltava forças, mas contra a filha, pretendendo ferir indiretamente o senhor do Olimpo.

Júpiter soube das tramas e, para salvar a ninfa de qualquer dano, transformou-a numa ilha, que batizou com o nome de Egina.

ANDREIA CAETANO PIUMHI/MG

A ESFINGE

Pirâmide e a Esfinge

Houve na mitologia antiga muitas e diferentes representações da esfinge. O mito de Édipo, no entanto, sobretudo depois de imortalizado pela tragédia Édipo rei, de Sófocles, privilegiou de tal forma uma delas que as demais caíram no esquecimento.

Criatura monstruosa com corpo de leão, cabeça humana e asas, na representação mais comum, a esfinge, monstro devorador, foi um importante tema mitológico nas antigas civilizações egípcia e mesopotâmica. Na Grécia, literatura e arte se inspiraram freqüentemente no mito de Édipo e da esfinge. Esta, segundo a lenda, aterrorizava os habitantes da cidade de Tebas e matava os que não conseguiam resolver o enigma por ela proposto: "Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à tarde e, contrariando a lei geral, é mais fraco quando tem mais pernas?" Édipo conseguiu decifrar o enigma, dizendo que era o homem; ele engatinha quando bebê, anda com duas pernas ao longo da vida e precisa de um bastão na velhice. Ao ouvir a resposta, a esfinge, derrotada, jogou-se num abismo.

Uma das mais antigas representações da figura mitológica é a colossal esfinge de Gizé, no Egito, que data do reinado de Quéfren, faraó da IV dinastia. A esfinge egípcia tem corpo de leão, com as patas dianteiras estendidas, e cabeça humana, coberta com uma manta funerária (nemes). Supõe-se que representa o deus Hórus, guardião de templos e túmulos. Os egípcios esculpiram muitas estátuas da esfinge, cujo rosto lembrava sempre o faraó da época. Algumas esfinges, no entanto, ostentavam cabeças de carneiros e falcões. As imagens ficavam diante dos templos, em ambos os lados da avenida de acesso (dromos), com função protetora, como no grande templo de Karnak.

Esfinges foram construídas na Síria, por influência do mundo egípcio, no segundo milênio antes da era cristã. Lá, passou a ter asas, simbolizando a vida espiritual, e adquiriu natureza feminina. Por volta de 1600 a.C., a esfinge feminina alada foi adotada pela civilização grega. Encontram-se os primeiros exemplos de sua utilização em objetos cretenses do final do período minóico e nas sepulturas de Micenas do fim do período heládico.

A partir de 1200 a.C., as esfinges desapareceram da cultura grega por cerca de 400 anos, mas se mantiveram na Ásia, com aspecto semelhante ao que tinham na idade do bronze. No final do século VIII a.C. a esfinge reapareceu na arte arcaica grega, na qual persistiu até o final do século VI a.C. A nova esfinge grega era quase sempre feminina, com grandes tranças. Seu corpo se estilizou e as asas adotaram a forma curvada, como se pode ver na famosa esfinge de Delos. As esfinges se converteram em motivo freqüente para decoração de vasos e peças de marfim e, no final do período arcaico, apareceram como ornamento de templos, sempre com função protetora.

No século V a.C., o mito de Édipo e a esfinge, representada no alto de uma coluna, foi tema comum na decoração. Outras obras do período clássico mostram Édipo em combate com a esfinge, expressando assim fisicamente a disputa intelectual entre as duas figuras míticas. Nada relatam as lendas, porém, sobre esse episódio, o que leva a crer que a arte grega tenha tomado o tema da luta do homem contra um ser monstruoso de alguma civilização oriental. A esfinge apareceu mais tarde na arte etrusca como motivo ornamental e voltou a surgir na arte do Renascimento. Desde então, fez parte dos temas iconográficos de estilos posteriores, sempre com remanescentes orientais e função protetora.


ANDREIA CAETANO PIUMHI/MG

Deuses Gregos

Deuses Gregos

Anteros
Símbolo do amor desgraçado, da resistência ao amor, da vingança ao amor não correspondido ou ao desamor.

Apolo
Na lenda de Homero ele era considerado, principalmente, como o deus da profecia. Apolo era músico e encantava os deuses com seu desempenho com a lira. Era também um arqueiro-mestre e excelente corredor, sendo creditada a ele a primeira vitória nos Jogos Olímpicos. Era também o deus da agricultura, do gado, da luz e da verdade. Ensinou aos humanos a arte da cura. Talvez por causa de sua beleza, Apolo era representado com mais freqüência na arte antiga que qualquer outra divindade

Ares
Deus da guerra, sanguinário e agressivo, personificava a natureza brutal da guerra. Embora Ares fosse guerreiro e feroz, não era invencível, mesmo contra os mortais.

Aristeu
Era adorado como o protetor dos caçadores, pastores e rebanhos, e como o inventor da apicultura e da arte de cultivar azeitonas. Era largamente venerado como um deus beneficente e freqüentemente era representado como um pastor juvenil carregando um cordeiro.

Asclépio
Deus greco-romano da medicina, com o poder de curar os enfermos. Era também patrono dos médicos e era representado como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina.

Dionísio
Deus do vinho e da vegetação, que mostrou aos mortais como cultivar as videiras e fazer vinho.

Eros
Eros é descrito como o mais belo dos imortais, capaz de subjugar corações e triunfar sobre o bom senso. Deus do amor e do desejo.

Hades
Deus dos mortos. Em algum lugar na escuridão do mundo subterrâneo estava localizado o palácio de Hades. Era representado como um lugar fúnebre, escuro e repleto de portões, repleto de convidados do deus e colocado no meio de campos sombrios, uma paisagem assombrosa. Em lendas posteriores o mundo inferior é descrito como o lugar onde os bons são recompensados e os maus são punidos.

Hefesto
Deus do fogo, tornou-se o ferreiro divino e instalou suas forjas no centro dos vulcões. Patrono dos ferreiros e dos artesãos em geral, é responsável, segundo a lenda, pela difusão da arte de usar o fogo e da metalurgia.

Hélio
Era a representação divina do Sol. Na Grécia clássica, Hélio foi cultuado em Corinto e sobretudo em Rodes, ilha que lhe pertencia e onde era considerado o deus principal, honrado anualmente com uma grande festa.

Hermes
Mensageiro dos deuses, tinha sandálias com asas, um chapéu alado e um caduceu dourado, ou vara mágica, entrelaçado por cobras e coroado com asas. Hermes era também o deus do comércio e o protetor dos comerciantes e dos rebanhos. Como a divindade dos atletas, ele protegia os ginásios e estádios e atribuía-se a ele a responsabilidade pela fortuna e a riqueza.

Himeneu
Deus do casamento. Personificação dos cantos nupciais.

Hipnos
Deus do sono.

Morfeu
Deus dos sonhos. Morfeu formava os sonhos que vinham para aqueles que adormeciam. Ele também representava seres humanos em sonhos.

Nereu
Deus do mar.

Orfeu
Poeta e músico. Recebeu a lira de Apolo e tornou-se um músico tão perfeito que não havia nenhum mortal capaz de ser melhor do que ele. Quando tocava e cantava, movia todos os seres animados e inanimados. Sua música encantava árvores e pedras, domesticava animais selvagens, e até mesmo os rios mudavam o seu curso na direção da música do jovem.

Pan
Pan ou Pã, cujo nome em grego significa "tudo", assumiu de certa forma o caráter de símbolo do mundo pagão e nele era adorada toda a natureza. Na mitologia grega, Pã era o deus dos caçadores, dos pastores e dos rebanhos. Representado por uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode, trazia sempre uma flauta, a "flauta de Pã", que ele mesmo fizera.

Poseidon
Deus do mar. Na arte, Poseidon é representado como uma figura majestosa e barbada segurando um tridente, e freqüentemente acompanhado por um golfinho.

Príapo
Deus da fertilidade, protetor dos jardins e dos rebanhos.

Urano
Personificação do céu, é o deus do firmamento. clássica não havia culto a Urano.

Zeus
O deus supremo do mundo, o deus por excelência. Presidia aos fenômenos atmosféricos, recolhia e dispersava as nuvens, comandava as tempestades, criava os relâmpagos e o trovão e lançava a chuva com sua poderosa mão direita, à sua vontade, o raio destruidor; por outro lado mandava chuva benéfica para fecundar a terra e amadurecer os frutos. Chamado de o pai dos deuses, por que tinha autoridade sobre todos os deuses, dos quais era o chefe reconhecido por todos. Tinha o supremo governo do mundo e zelava pela ordem e da harmonia que reinava nas coisas.


Deusas Gregas

Afrodite
Deusa do amor e da beleza
.

Anfitrite
Deusa do mar.

Ártemis
Tida como virgem e defensora da pureza, era também protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade; embora fosse em essência uma deusa caçadora, encarnava as forças da natureza e tutelava as ninfas, os animais selvagens e o mundo vegetal.

Atena
Era o símbolo da inteligência, da guerra justa, da casta mocidade e das artes domésticas e uma das divindades mais veneradas.

Deméter
Deusa da colheita
.

Destinos
As três deusas que determinavam a vida humana e suas ligações, também conhecidas como "Moiras". As Moiras repartiam para cada pessoa, no momento de seu nascimento, uma parcela do bem e do mau, embora uma pessoa pudesse acrescer o mau em sua vida por si própria.

Retratadas na arte e na poesia tanto como mulheres velhas e severas quanto virgens sombrias, as deusas eram freqüentemente vistas como fiadeiras.

Cloto, a fiadeira principal, tecia o fio da vida;

Láquesis, a distribuidora de quinhões, decidia a quantidade e designava o destino de cada pessoa; e

Átropos, a implacável, carregava o poder de cortar o fio da vida no tempo designado. As decisões das Moiras não podiam ser alteradas, nem mesmo pelos deuses.

Eumênides
Antigos espíritos da terra ou deusas associados à fertilidade, mas também tendo certas funções sociais e morais. Protetoras dos suplicantes.

Erínias
Também conhecidas como Fúrias, eram as três divindades que administravam a vingança divina, sendo elas:

  • Tisífona (a vingança contra os assassinos);
  • Megera (o ciúme) e
  • Alecto (a raiva contínua).

Eram justas, mas sem piedade e jamais analisavam as circunstâncias que levaram a pessoa a cometer o erro.

Géia
O nome Géia, Gaia ou Gê, é utilizado como prefixo para designar as diversas ciências relacionadas com o estudo do planeta.

A deusa foi também a propiciadora dos sonhos e a protetora da fecundidade. Gaia é a personificação da Terra.

Graças
Graças (ou Cárites), as três deusas da alegria, charme e beleza. Chamavam-se:

  • Aglaia (o Esplendor);
  • Eufrosina (a Alegria) e
  • Tália (a Floração).

As Graças presidiam sobre os banquetes, danças e todos os outros eventos sociais agradáveis, trazendo alegria e boa vontade tanto para os deuses quanto para os mortais.

Hebe
Deusa da juventude. Durante muito tempo Hebe foi a copeira dos deuses.

Hécate
Deusa da escuridão, representava seus terrores. Em noites sem luar, acreditava-se que ela vagava pela terra com uma matilha de uivantes lobos fantasmas.

Era a deusa da feitiçaria e era especialmente adorada por mágicos e feiticeiras, que sacrificavam cães e cordeiros negros a ela.

Como deusa da encruzilhada, acreditava-se que Hécate e seu bando de cães assombravam lugares fúnebres que pareciam sinistros aos viajantes.

Hera
Rainha dos deuses, protegia o casamento e era a protetora de mulheres casadas.

Íris
Como mensageira de Zeus e de sua esposa Hera, Íris deixava o Olimpo apenas para transmitir os ordenamentos divinos à raça humana, por quem ela era considerada como uma conselheira e guia.

Viajava com a velocidade do vento, podia ir de um canto do mundo ao outro, ao fundo do mar ou às profundezas do mundo subterrâneo.

Era representada como uma linda virgem com asas e mantos de cores brilhantes e um aro de luz em sua cabeça, deixando no céu o arco-íris como seu rastro. Para os gregos, a ligação entre os homens e os deuses é simbolizada pelo arco-íris.

Musas
Nove deusas e filhas de Zeus e de Mnemósina, a deusa da memória. As Musas presidiam as artes e as ciências e acreditava-se que inspiravam todos os artistas, especialmente poetas, filósofos e músicos.

Calíope era a musa da poesia épica, Clio da história, Euterpe da poesia lírica, Melpômene da tragédia, Terpsícore das canções de coral e da dança, Erato da poesia romântica, Polímnia da poesia sagrada, Urânia da astronomia e Tália da comédia.

Nêmesis
Entre os antigos gregos, Nêmesis foi a deusa da equanimidade e, mais tarde, a personificação da desaprovação dos deuses à arrogância. Seu nome se inspira no grego némein, "repartir segundo o costume ou a conveniência".

A missão de Nêmesis era punir os faltosos e impor a execução de normas que restabelecessem o equilíbrio entre os homens.

Nikê
Deusa da vitória. É representada carregando uma grinalda ou palma da vitória.

Perséfone
Deusa da terra e da agricultura. Era uma personificação do renascimento da natureza na primavera.

Selene
Deusa da Lua. Era uma linda deusa, de braços brancos, com longas asas, que percorria o céu sobre um carro para levar aos homens a sua plácida luz.


Titãs

Quem eram os Titãs?

Freqüentemente, chamados de deuses mais velhos, eles foram por muitas eras os regentes supremos do universo, tendo um tamanho enorme e sendo incrivelmente fortes.

Atlas
Filho do Titã Japeto e da ninfa Climene, e irmão de Prometeu. Atlas lutou com os Titãs na guerra contra as divindades do Monte Olimpo. Como castigo, ele foi condenado a suportar eternamente a terra e os céus em suas costas e o grande pilar que os separa sobre os ombros. Justamente porque a figura de Atlas sustenta a terra, freqüentemente ela é utilizada nas páginas de coleções de mapas (atlas), cujo nome denota um conjunto de mapas.

Ceos
O Titã da Inteligência.

Crio
Representava o tremendo poder do mar.

Cronos
Cronos era um deus ao qual se atribuíam funções relacionadas com a agricultura. Segundo a tradição clássica, depois Cronos tornou-se o regente do universo e simbolizava o tempo.

Japeto
Considerado como antepassado da raça grega e também de todos os homens.

Métis
Presidia a sabedoria e o conhecimento.

Mnemósina
Deusa da memória.

Oceano
Governou o Oceano, um grande rio que, segundo a Mitologia Grega, cercava a Terra e que se acredita ser um círculo plano.

Prometeu
Conhecido como amigo e benfeitor da humanidade. Prometeu e seu irmão foi concebido para criar a humanidade e prover o homem e todos os animais da terra com aquilo que necessitassem para sobreviver.

Réia
Mãe dos deuses e que por muitas eras dominou o Universo junto com Cronos.

Têmis
Deusa da justiça divina e das leis. Na arte antiga ela é representada segurando para cima um par de balanças em que ela pesa as reivindicações das partes contrárias.


APOLO

APOLO

O nascimento do deus solar

Dias e noites, meses e meses, uma única procura. De porta em porta: dos palácios às cabanas, dos templos aos covis, Latona andou buscando abrigo para pôr no mundo os filhos que levava dentro de si. Filhos de Júpiter.

Mas a própria paternidade de suas crianças barrava-lhe as entradas. Pois Júpiter, senhor supremo do Olimpo, era o marido de Juno, a mais ciumenta das deusas, que costumava perseguir as rivais até os confins da terra, e punir duramente quem ousasse recolhê-las. Apenas um imortal de iguais poderes seria capaz de enfrentar sua cólera.

Netuno, deus dos mares, decidiu ajudar a nobre Latona. Para refugiá-la, escolheu Delos, a ilha flutuante, arisco rochedo sem raízes, áspera paisagem desprovida de plantas e de fontes. Ninguém a habitava: nem deuses, nem homens, nem animais. Talvez por isso a ira de Juno não chegasse até lá. Assim, Netuno fixou Delos ao fundo do mar, e confiou-lhe a missão de hospedar os frutos de Júpiter.

A ilha teve medo. Ouvira dizer que um dos filhos de deus seria excessivamente orgulhoso, e tremeria de raiva quando soubesse, que lugar tão miserável lhe servira de pátria. Talvez jogasse Delos no mar, para sempre.

Latona tranqüilizou-a nada temesse: o novo deus não lhe traria desgraça, e sim prosperidade e alegria. Multidões viriam de longe para adorar seu berço sagrado, e o pequeno torrão sem vida se tornaria rico e respeitado.

Então a ilha consentiu. E Latona deu à luz Diana e Apolo. Nesse instante, o solo estéril de Delos floresceu. Porque Apolo trazia consigo o sol, a vida e a beleza.

Múltiplas eram as faces de Apolo, porque muitas eram suas altas funções

Sem luz nada é possível, acreditavam os antigos gregos. As duas bases essenciais do progresso – o campo e as viagens – adormeceriam para sempre na escuridão, e a Grécia estaria morta.

Para garantirem a própria sobrevivência, os gregos cultuavam Apolo, deus da luz por excelência. A ele reservavam gloriosas cerimônias, soberbos sacrifícios e um lugar de honra entre os seus divinos pares do Olimpo. Pois atribuíam-lhe a múltiplas funções de conduzir os pastores, multiplicar as colheitas, encaminhar os navegantes, iluminar os artistas, protege os médicos, zelar pela saúde, desvendar o futuro. Mágicas atividades para o progresso de um país especialmente agrícola e voltado para o mar como único caminho possível para a expansão da cultura e do poder.

Sem sua proteção os marinheiros ousavam abandonar os portos para aventurar-se em águas desconhecidas e, por isso, repletas de perigos, dos quais só Apolo podia salvá-los. Nesta atribuição o deus era especialmente cultuado nas numerosas ilhas gregas, cuja força econômica, mais do que nas terras continentais, situavam-se essencialmente nas riquezas do mar, tanto como fonte de alimento quanto como caminho de conquista e de troca de mercadorias.

Com o deus da luz que fertiliza a terra, Apolo recebia anualmente o sacrifício dos camponeses, que lhe ofereciam a primeira colheita da primavera, em meio a grandes festas. Pretendiam, assim, assegurar-se da proteção do deus e agradecer-lhe o término do inverno. Pois, estando ele intimamente identificado com o Sol, julgavam-no também responsável pela mudança das estações: o inverno era o tempo sombrio em que o deus viajava para o mítico país dos hiperbóreos; e a primavera começava no seu retorno.

Os guardadores de rebanhos também rendiam-lhe culto, após seu lendário retorno no começo da primavera. Pois era então que mais precisavam de seu apoio , quando levavam os animais a pasto distantes, muitas vezes ameaçados pelas feras ou acessíveis somente através de difíceis caminhos.

O núcleo primitivo e fundamental do mito de Apolo visa, portanto, a explicar a vida em suas necessidades primárias e em seus fenômenos mais diretamente ligados à existência de uma sociedade que tirava os meios de sustentamento de três fontes principais: o campo, a pecuária e o mar.

Com o desenvolvimento da civilização helênica e a concentração da população nas cidades, por volta do século IX a.C., aos atributos de Apolo como protetor dos navegantes e dos camponeses os gregos juntaram também outras funções, como a de inspirar os artistas e as artes. Função que se ajusta perfeitamente às anteriores, de tempos mais rudes e primitivos. Pois a mesma luz que tem força para encaminhar os navios e fecundar os campos e os rebanhos, pode igualmente iluminar a mente dos homens e levá-los a criar belas obras.

A antiga lenda da competição entre Apolo e Mársias (ou Pã, segundo outras fontes) justificava a nova atribuição. O mito simbolizava a superioridade da arte grega sobre a asiática. A lira, usada pelo vencedor Apolo, era instrumento básico da música grega; seu som era considerado o mais puro e harmonioso que jamais se poderia produzir. Enquanto a flauta, de Mársias, era tida como instrumento rude, incapaz de acompanhar as belas canções poetas que se esmeravam em cantar os feitos dos heróis.

Representação da superioridade do belo sobre o feio, do sublime sobre o vulgar, do grego sobre o asiático, da harmonia sobre a desordem, o mito da disputa entre Apolo e Mársias evidencia a grande preocupação do artista – protegido e inspirado por Apolo – em obedecer estritamente os ditames da lei, da harmonia, da medida, para, mediante essa obediência e essa disciplina, conseguir fixar um tipo ideal de beleza absoluta. Ideal nem sempre alcançado, pois muitas vezes se esboroava de encontro à rude opacidade do mundo real, como sucedeu ao próprio Apolo, segundo a lenda de sua perseguição à ninfa Dafne.

Apolo e a Arte

O artista apolíneo, diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), não ignorava os riscos de fracasso. Sonhava com a beleza perfeita, centralizada na imagem plástica de Apolo, mas sabia que estava sonhando. Nem por isso desistia de persegui-la, num contínuo, pacienta e solitário exercício, realizado sobretudo a partir da pedra. Pois era um individualista, e sua arte por excelência, embora Apolo fosse indicado principalmente como músico, era a escultura. Dominando a dura pedra, procurava sublimar seus próprios tormentos de sonhar com o intangível e disciplinava as paixões.

Conquanto o cultuassem como protetor das artes, raramente os poetas invocavam diretamente Apolo nessa função, mas recorriam de preferência às Musas, que atuavam como intermediárias do deus. Por meio delas também os médicos – artistas cujo talentos se exercia sobre vidas humanas – tentavam obter a valiosa proteção de Apolo. O médico Erixímacos, personagem da obra O Banquete de Platão (427? – 347? a.C.), explica por que a medicina é uma arte, estabelecendo paralelo entre sua atividade e a de um músico. A saúde, diz ele, nada mais é senão o resultado do perfeito equilíbrio entre as diversas partes do corpo e da mente. Ambos formam um todo indiviso, uniforme, e o bem-estar de um depende estreitamente da ordem do outro. Cabe ao médico – assim como ao músico em sua composição - cuidar para que nesse todo haja dissonância que comprometam a harmonia.

Ao nascer seu filho Asclépio, que os romanos chamavam de Esculápio, Apolo passou-lhe a atribuição de protetor da medicina. Deve Ter havido uma personagem com esse nome, que certamente passava por filho do deus, pois existe ainda hoje na Grécia, na cidade de Epidauro, além de uma templo, um museu em sua homenagem, onde estão conservados instrumentos cirúrgicos e tabuinhas gravadas com fórmulas e receitas. Posteriormente, quando Esculápio, segundo uma lenda, foi fulminado por ordem de Júpiter, Apolo voltou a assumir a função que transmitira ao filho, não apenas curado, mas também algumas vezes enviado pestes e epidemias como, segundo a lenda, a que provocou em Tróia.

Mas de todos os atributos de Apolo como deus da luz o mais importante para a antiga Grécia era, sem dúvida, o de profeta – diante da luz não podiam existir mistérios, em tempo algum. Nessa condição, Apolo mobilizava para seus templos, notadamente para o célebre santuário situado em Delfos, todas as camadas sociais da velha Grécia. Por intermédio do seus sacerdotes, ele respondia às perguntas de chefes militares, navegantes, soberanos, pessoas do povo que ansiosamente procuravam desvendar o futuro e conhecer as probabilidades de êxito nos negócios, nas guerras, nas viagens, nos amores.

Em Delfos, a cada nove anos, os gregos comemoravam a mítica vitória de Apolo sobre a legendária serpente Pitão, revivendo, com pomposa cerimônia, essa vitória da luz e do bem sobre as trevas e o mal.
É fácil ver como os gregos resumiram na figura de Apolo uma multiplicidade de atribuições, algumas das quais até contrastantes entre si. Deve-se isso, possivelmente, ao fato de o culto do deus, em sua origem, não ser grego, mas indo-eu-ropeu, e Ter conservado, portanto, muitas de suas facetas primitivas. Fundamentalmente, contudo, Apolo representa a luz e o triunfo da inteligência sobre as trevas da barbárie: é pois, a figuração das conquistas da civilização na existência prática e nas artes.

Para esculpirem sua imagem, os artistas muitas vezes reuniam os mais belos mancebos e selecionavam , de cada um deles, sua parte mais perfeita. Assim conseguiram os traços para representar o deus: soma do que havia de mais belo na pessoa humana. Estudavam cuidadosamente as proporções dos lineamentos do rosto com os membros. Tudo medido, calculado e disposto de maneira a obter o que mais se aproximava daquilo que consideravam perfeição: a disposição harmônica e proporcional das partes em relação ao todo.
Essa representação do divino segundo modelos humanos constituía uma novidade no mundo antigo. Os deuses de civilizações anteriores à grega não tinham aparência humana porque, em seu conjunto não sintetizavam problemas práticos da vida; procuravam fixar mais a superioridade esmagadora do divino do que solucionar a fragilidade do homem. Assim, no Egito e na Mesopotâmia, por exemplo, muitas divindades eram imaginadas sob uma forma híbrida, em parte humana, em parte animal.

Os gregos só podiam entender o invisível pelo visível e pelo humano. Só podiam sentir e criar a beleza a partir daquela que viam ao redor de si e que abstraíam mediante a luz da mente. Observando os formosos atletas nos estádios, nos jogos esportivos, o escultor grego entendeu que sua fantasia não poderia inventar nada mais belo. Por isso, tirava deles os traços que compunham a perfeição de uma estátua de deus.
Desde as esculturas mais primitivas, em madeira, bronze ou mármore, até as obras mais refinadas dos últimos séculos da antigüidade grega, Apolo é geralmente representado nu; quando alguma roupa o encobre, é apenas um leve manto. Como músico, porém, aparece sempre vestido com uma túnica e levando a lira na mão, personificando assim a severidade e a elegância que se atribuíam a essa arte.

Dos séculos V e IV a.C. datam as mais belas estátuas do deus da luz. Célebre entre todas é a obra de Praxiteles (370?-330? a.C.), cujas feições o artista modelou nos traços selecionados de sete belos atenienses. Famosa tornou-se a estátua do Apolo do Belvedere, de autor desconhecido, conservada no Museu do Vaticano, em Roma. São desta época também dezenas de baixos-relevos, vasos, taças e ânforas decoradas com sua figura.

Mesmo na era cristã, Apolo voltou a inspirar os artistas plásticos e figurativos, sobretudo nas épocas renascentista, barroca, maneirista e arcádia, que acolheram de bom grado as sugestões da mitologia grega. Cellini (1500-1570), Sansovino (1486-1570), Bernini (1598-1680), Ribera (1588-1655), Claude Lorrain (1600-1682) e muitos outros escultores e pintores usaram-no como tema.

O sábio julgamento das nove Musas

Uma lira: primeiro pedido de Apolo, mal abrira os olhos para sua própria luz, na flutuante ilha de Delos.

Uma lira: para acompanhar os cânticos dos homens a cada surgir do sol. Dissipar a melancolia. Marcar o ritmo dos poemas. Engalanar os festins dos justos.

Uma lira: compromisso do deus que decide para sempre iluminar os espíritos dos artistas, enriquecer a inspiração de um povo e conduzi-lo à descoberta da beleza absoluta.

Mas nem mesmo um deus podia arrogar-se uma função sem o consentimento das divindades que até então a presidissem. Assim como fora Hélios, o deus do Sol, quem confiara a Apolo o carro solar, também para assumir a condição de protetor das artes ele precisava ser sagrado pelas Musas, incumbidas de tal missão.

Compareceu, portanto, a uma assembléia no monte Parnaso, onde moravam as nove Musas, para competir com um certo Mársias, afanado flautista que chegara da Frígida e também habitava aquelas cercanias.
Da flauta saíram sons extremamente vulgares, grosseiros, evocativos de vícios, perversidade e luxúria. Da lira fluíram acordes harmoniosos, serenamente belos e elevados. Encantadas com sua esplêndida atuação, as Musas declararam Apolo vencedor – e sagraram-no para sempre deus protetor das artes.

Mas da assembléia participava Midas, o rei dos frígios, que discordou da sábio julgamento. Por Ter escolhido uma arte depravada, o deus puniu-o, fazendo-lhe nascer orelhas de burro. Envergonhando, o rei tratou de esconder a anomalia sob um gorro, mas seu barbeiro descobriu-lhe o segredo e saiu a apregoá-lo aos quatro cantos, atraindo para o infeliz a zombarias de todos. Quanto a Mársias, Apolo esfolou-o vivo e depois suspendeu-lhe o corpo na entrada de uma caverna, para que todos pudessem ver o castigo reservado à perversão.

A ira de Apolo recai sobre Tróia

O governo de Júpiter andava aborrecendo os divinos súditos. Já os ouvidos olímpicos não suportavam seus brados de ira. Já o néctar perdia o doce gosto ante suas terríveis expressões. Era preciso fazer alguma coisa.

Apolo e Netuno, Minerva e Juno decidiram fazê-la, e tramaram uma conspiração para punir o furor de Júpiter.
Mas o rei do Olimpo descobriu a tempo a intriga. Como gentil cavalheiro, poupou às deusas qualquer humilhação, porém submeteu os outros dois conspiradores a duro castigo. Como simples mortais, mandou-os trabalhar para Laomedonte, rei de Tróia. A Netuno incumbiu de erguer as muralhas da cidade. E a Apolo encarregou de apascentar os rebanhos reais. Para o deus da luz tal encargo em si não constituía uma pena, pois amava com carinho os animais, e gostava de apascentá-los ao som de sua lira. O castigo estava na obrigação de submeter-se às ordens de um mortal.

Por longo tempo os dois deuses trabalharam para Laomedonte.

Ao fim da tarefa, prepararam-se para receber o salário combinado, humana recompensa de um trabalho humano. Laomedonte, porém, negou que tivesse combinado um preço, e expulsou-os de seu reino a ameaça de arrancar-lhes as orelhas e vendê-los como escravos.

Nada lhes restava senão se afastarem. Mas não deixaram a ofensa sem vingança. Tão logo recobraram a condição divina, ao tocarem de novo o Olimpo, investiram contra Tróia. Netuno fez surgir do mar um horrendo monstro, que ele conduzia à sua vontade. E mandou-o disseminar o pavor e a morte na cidade. Não o deixou exterminar a população inteira, pois privaria a Apolo o gosto da vingança. Saciado por sua parte, recolheu o animal, e deixou os sobreviventes entregues à fúria de seu companheiro. Então Apolo enviou uma peste que acabou de eliminar a população troiana.

Para os devotos, amor e proteção: para os ímpios, a morte

Crises, o venerável sacerdote de Apolo, tinha uma filho, Criseide, formosa e casta donzela que sonhava casar-se um dia, com jovem de sua escolha.

Mas tal não desejava para ela Agamenão, que raptou a moça e levou-a para seu navio.

O velho Crises, em vão, implorou-lhe que devolvesse Criseide. A cada súplica o guerreiro respondia com insultos e ameaças. E toda a arma da frágil sacerdote era o cajado do culto e as sagradas guirlandas.
Retirou-se, portanto, o ancião, e caminhou pelas praias desertas até chegar ao templo. Ali endereçou ardorosa prece a Apolo, rogando-lhe que vingasse o repto de Criseide.

Então, contra Homero, “Febo Apolo ouviu sua prece. Desceu do Olimpo, com ira no coração, carregando o arco e a aljava. As setas retiniam em seus ombros, enquanto o irado deus movia-se... Firmou os pés a pequena distância dos navios e disparou uma seta. Terrível foi o zunido de seu arco de prata. Primeiro, ele atacou as mulas e os velozes cães, depois disparou suas penetrantes setas contra os homens, e nenhuma errou o alvo. As piras dos mortos começaram a arder incessantemente.”

Durante nove dias as flechas semearam a morte entre os soldados gregos. Ao décimo dia, Agamenão reuniu seus homens e convocou a presença dos deuses, para decidirem a questão. Ao fim de longos discursos, resolveu purificar-se e acalmar a cólera de Apolo, sacrificando ao vingador belos animais.
No entanto, sabia o herói que só teria paz novamente quando devolvesse ao sacerdote a filha raptada. E no duodécimo dia mandou Criseide de volta para o velho pai. Então Apolo recolheu suas setas e deixou-o ir.

ANDREIA CAETANO PIUMHI
ANDREIA CAETANO PIUMHI/MG